Todo profissional de odontologia passa por isso de vez em quando. Faz uma coroa provisória e ela vive soltando, obrigando o paciente a retornar para refazer a cimentação. Isso gera transtornos, tanto para o profissional que precisa arranjar um espaço de emergência na sua agenda, quanto para o paciente que precisa se deslocar para o consultório às pressas e deixar seus afazeres de lado. Trata-se de uma situação constrangedora para o profissional. Enumero 4  causas desse fenômeno, a saber:

Preparo incorreto: um preparo de coroa cuja altura é menor do que a largura é um convite para o desprendimento, não apenas do provisório mas também da futura coroa definitiva. Além disso, preparos cônicos em excesso também reduzem a retenção.  Todos são um indicativo de que o procedimento final poderá resultar em insucesso.

Ajuste oclusal deficiente:  a existência de pontos oclusais prematuros é um fator predisponente para a formação de alavancas durante os movimentos excursivos da mandíbula.  Essa alavanca pode soltar a coroa. Tal fenômeno também afeta as coroas permanentes, se mantidos no procedimento final.

Remover o fio dental pela oclusal: fenômeno muito comum. Como um trabalho provisório precisa manter de fraca a média retenção, para facilitar a remoção do provisório, puxar o fio dental para a oclusal pode remover facilmente o dispositivo, principalmente se o preparo tiver pouca retentividade. 

Uso de cimentos provisórios que craquelam ou esfarelam: existem diversas marcas de cimentos temporários. Nem todos se comportam de forma igual. Muitos fraturam e se dissolvem sob os esforços oclusais, favorecendo a soltura dos provisórios. 

COMO EVITAR QUE OS PROVISÓRIOS SOLTEM ANTES DA HORA?

Fazer preparos com altura maior do que a largura. Quando for impossível conseguir isso, tente fazer canaletas ou caixas adicionais para aumentar a oposição de paredes bem como a área friccional. Isso aumenta bastante a retenção.

Capriche no ajuste oclusal. Não deixe pontos prematuros. Acredite no paciente que afirma estar “alta” a coroa.

Oriente o paciente para sempre retirar o fio dental pelo lado, quando for higienizar o provisório.

Use um cimento provisório sem eugenol com características viscoelásticas. A viscoelasticidade deforma o material de acordo com a pressão que sofre, sem craquelar nem esfarelar em demasia o material. Um bom cimento provisório que eu indico é o Superprovi SE. O Superprovi SE é viscolástico, não contém eugenol, é atóxico e possui adesão às estruturas dentais maior do que os demais cimentos de sua  classe. 

Seguindo todas essas recomendações você vai reduzir formidavelmente os insucessos dos seus provisórios, reduzindo também sua carga de retrabalho e melhorando a confiança dos seus pacientes em você.