Técnica: T connect

PINO DE FIBRA DE VIDRO – O MATERIAL MAIS BIOMIMÉTICO DA ODONTOLOGIA

PINO DE FIBRA DE VIDRO – O MATERIAL MAIS BIOMIMÉTICO DA ODONTOLOGIA

O biomimetismo é a parte da ciência que busca reproduzir os princípios da natureza dentro de um conceito artificial. Muitas vezes essa adaptação gera controvérsias e outros problemas. Imagine um avião biomimético cujas asas batessem como as de um pássaro? Certamente as viagens não seriam serenas nem confortáveis como são hoje.

Há algum tempo vêm sendo difundidas idéias que sugerem não mais se ancorar pinos, substituindo-os por fibras trançadas em superfícies específicas do dente, ou até mesmo resina composta pura. Dizem que é exatamente para promover o biomimetismo.

Eu, Izio Mazur, confesso não enxergar lógica nessas propostas.

Em primeiro lugar, há um histórico de décadas mostrando altos índices de sucesso e longevidade de dentes ancorados com pinos de fibra vidro, quando comparados com outros dentes sem pinos. Segundo, mesmo com a ancoragem de pinos, às vezes nos deparamos com fraturas, imaginem sem! Terceiro, qual a vantagem em deixar de se executar este procedimento?

É comprovado que dentes endodonticamente tratados são bem mais frágeis do que dentes vitais e toleram menos os esforços mastigatórios. Isso ocorre devido ao fenômeno de desidratação que acontece após a remoção do complexo pulpar e à subsequente degeneração das estruturas dentinárias, que oferecem flexibilidade. Isso deixa a dentina seca e incapaz de absorver esforços, aumentando assim a friabilidade do dente e sujeitando a fraturas durante esses esforços oclusais. Dentes vitais, ainda que extensamente destruídos, são menos vulneráveis a essas fraturas, todavia não estão imunes.

Os defensores da técnica restauradora sem uso de pinos alegam que os adesivos dentinários atuais seriam suficientes para conferir estabilidade às restaurações e dissipação dos esforços oclusais, especialmente quando conjugados com fibras trançadas. Seria isso biomimetismo?

A adesividade em dentina ainda não é suficiente para conferir forças de tração satisfatórias no longo prazo, em razão da degeneração progressiva dos agentes de adesão na camada híbrida.

Apesar da forte propaganda de muitos fabricantes sobre certos adesivos, sabe-se que os agentes promotores de adesão contidos nesses materiais ainda nos dias de hoje, são os mesmos de 30/40 anos atrás. São eles o 4-META, GDMA-P ou 10 MDP, todos monômeros fosfatados anfifílicos, ou seja, capazes de promoverem ataque ácido e unir as estruturas hidrofílicas e hidrofóbicas encontradas na dentina. As inovações alegadas, muitas vezes, não passam de ingredientes que não participam diretamente do processo adesivo e podem ser entendidas, em alguns casos, como meramente cosméticas. Assim sendo, no meu entender, constitui temeridade atribuir aos adesivos dentinários uma característica supressiva dos procedimentos restauradores consagrados.

Outro equívoco é acreditar que tiras de fibra aumentam a adesão ou reforçam a estrutura dentária. Tiras de fibra, em verdade, aumentam a resistência coesiva do material restaurador resinoso, tornando-o entre 4 a 6 vezes mais resistente, todavia não oferecem ação ativa no reforço da estrutura dental nem na adesão às estruturas dentárias, como equivocadamente sustentam.

Outro questionamento é sobre as justificativas para não se ancorar pinos, especialmente os de fibra.

Assim sendo, elenco supostos 4 motivos, a saber:

1- Custos de material: atualmente são irrisórios, chegando a custar menos do que 1 lata de refrigerante;

2- Conservação de estrutura dental: este seria o mais estapafúrdio dos motivos, posto que a ancoragem de pinos intracanal se dá em orifício natural do corpo preenchido com guta percha. Não há desgaste de estrutura dental, apenas troca parcial da guta pelo material do pino.

3-Tempo de execução: após completar uma curva de aprendizagem, é possível executar em apenas 15 min.  Não é um tempo dispendioso frente aos benefícios proporcionados;

4- Alternativa supostamente superior: a adição de tiras de fibras para fins de restauração intracanal nunca trouxe bons resultados posto que esse material se comporta de maneira diferente dos pinos pré-fabricados de fibra de vidro, além de não conseguirem emular o módulo de flexão da dentina como ocorre com os pinos pré-fabricados de fibra. Idem para resinas compostas que, comparativamente aos pinos de fibra de vidro, também não oferecem módulo de flexão aproximado com a dentina remanescente. Cumpre lembrar, todavia, os grandes benefícios e a excelente performance das tiras trançadas de fibras para outras aplicações em dentística e prótese, que será objeto de um outro post.

As vantagens e o sucesso do uso de pinos de fibra de vidro são inúmeras e já exaustivamente abordadas por centenas ou milhares de artigos científicos e livros. Todavia, para fins deste post, entendo que mais do que um material restaurador, os pinos de fibra de vidro devem ser indicados como uma camada extra de segurança na restauração de dentes endodonticamente tratados, uma vez que dissipam com eficiência inigualável os esforços oclusais, preservando os dentes de fraturas.

Quando se trata de segurança e proteção o bom senso recomenda pecar pelo excesso, nunca pela falta.

Os pinos de fibra de vidro são os materiais mais biomiméticos da odontologia, não apenas pelas suas características mecânicas mas também pela sua coloração que os tornam imperceptíveis dentro do dente. O módulo de flexão de um pino de fibra de vidro, como por exemplo o da família Superpost, se assemelha muito ao módulo de flexão da dentina, emprestando ao dente uma característica mecânica e óptica da natureza. Isso é a verdadeira biomimética.

Dentro desse conceito, uma combinação restauradora de máxima proteção e grande longevidade foi proposta pelo autor que vos escreve. A técnica T-Connect Mazur mescla os benefícios das tiras de fibra com as vantagens dos pinos de fibra de vidro, resultando em uma restauração com níveis de resistência e proteção surpreendentes.

Qual desses 3 conceitos dissipa melhor as forças oclusais e estima mais segurança com maior longevidade?

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